Uma abordagem inovadora aos enigmas, mistérios e segredos dos Painéis de onde se extraíram novas pistas e dados que irão contribuir para uma maior clarificação sobre o significado e razão de existência desta obra-prima.
15 de dezembro de 2020
DGPC / MatrizNet / Painéis
26 de novembro de 2020
2 de novembro de 2020
Coincidências ou talvez não?
Um antepassado de Jean Jouffroy?
(c. 1425, Robert Campin, museu Thyssen-Bornemisza, Madrid)
O frade de barbas representará, também, Sto. André?
Stº André (séc. XVII/XVII, Autor anónimo, Igreja de Nossa Senhora da Caridade, Reguengos de Monsaraz - posição invertida para melhor comparação)
15 de outubro de 2020
ENQUANTO OS PAINÉIS SÃO RESTAURADOS
Repare-se nas semelhanças existentes nos olhos, nos narizes, nas bocas, nas orelhas e, nas rugas visíveis na testa, entre os olhos e à volta da boca. As barbas são escassas e esbranquiçadas, assim como os cabelos. Até têm um barrete de cor castanha!
Com a devida cortesia (Bernard Gallagher). (in Os Painéis - Últimas Páginas)
A mesma posição inclinada da cabeça, o mesmo olhar e
sobrancelhas, os mesmos lábios, a mesma madeixa de cabelo do lado direito dos
rostos. Até a cobertura da cabeça é vermelha!
No nosso novo estudo "Os Painéis - Últimas Páginas". Com a devida cortesia (Bernard Gallagher).
Seleccionamos, entre outras, mais estas imagens
comparativas.
Porque é que estas evidências nunca foram sinalizadas num fresco bem conhecido situado no Alentejo à beira do Guadiana? (in Os Painéis - Últimas Páginas)
IV
O Inventário de 1754 aos bens do palácio de Marvila
Cremos que este inventário é mais um inédito que
introduzimos na temática dos Painéis. Os 14 painéis relativos a S. Vicente que
constam neste rol de bens, iriam ser validados, 67 anos mais tarde, no
inventário de 1821 divulgado por Nuno Saldanha e Pedro Flor em 2010.
Verifica-se que as suas dimensões sofreram reduções neste
período de sete décadas. Nenhum deles é compatível com qualquer um dos seis
Painéis, quer pelas suas medidas, quer pela cor das molduras...
Confirma-se que eram os quadros que constituíam o Retábulo de S. Vicente (sem os Painéis), e que foram transferidos da Sé de Lisboa para Marvila em 1742, por ordem do Cardeal Patriarca D. Tomás de Almeida. (in Os Painéis - Últimas Páginas)
V
“…em acto de veneração a S. Vicente, patrono e inspirador da
expansão militar quatrocentista no Magrebe...”
Esta frase é sucessivamente repetida quando “oficialmente”
se pretende explicar o significado dos Painéis. Contudo, não se encontra nas
descrições destas conquistas, relatadas pelas Crónicas, qualquer referência a
este santo.
Quando se conquistou Ceuta (1415) e Alcácer-Ceguer (1458) o
grito de guerra que se ouviu foi “por Santiago, por S. Jorge” - Santiago também
conhecido pelo “mata mouros”. Nas Tapeçarias de Pastrana, comemorativas das
conquistas de Arzila e Tânger (1471), vêem-se inúmeras referências a S. Jorge,
cujo símbolo, uma cruz vermelha sobre fundo branco, se encontra ilustrado nas
mais diversas bandeiras e pendões…
Também nas Ordenações Afonsinas o único símbolo associado à
guerra que é referido, é o de S. Jorge!!!
Muito estranha a ausência de S. Vicente o “patrono e
inspirador da expansão militar quatrocentista no Magrebe...”!!!
VI
No 1º post desta série comparámos os rostos do
"peregrino" do painel da Relíquia com o de S. José (c. 1438, Rogier
van der Weyden, Museu Gulbenkian, Lisboa).
Este último integrava um quadro de maiores dimensões que,
por motivos desconhecidos, foi dividido. É possível "reconstruir" a
figura de S. José recorrendo a um outro retalho: pormenor de "A Leitura de
Madalena" (National Gallery, Londres).
Para além da semelhança dos rostos, verificam-se espaços
vazios junto a ambos: um caixão e um nicho. Haverá um significado simbólico
associado estes detalhes?
De igual modo, na pintura de Rogier van der Weyden, nota-se
uma pequena figura com um barrete/turbante vermelho, pormenor interessante, que
é recorrente nos quadros de Jan van Eyck (detalhe extraído de "Madonna do
Chanceler Rolin", c.1435, Museu do Louvre). Cremos que não terá sido por
coincidência...
Com a devida cortesia (Bernard Gallagher).
VII
Dois frades bastantes semelhantes, sendo o segundo oriundo
da uma região da Ibéria onde encontramos indícios que nos ligam ao ducado da
Borgonha:
- Tosão de Ouro - a ordem que Filipe o Bom, fundou no dia do
seu casamento com D. Isabel, filha de D. João I
- Sto. André - apóstolo que pregou nessa zona, padroeiro da
Borgonha, do seu exército, e da Ordem do Tosão de Ouro
- Tábua - à falta de um sino, estes monges chamavam os fiéis
para a missa batendo numa tábua com um formato semelhante àquela a que frade
dos Painéis se encosta...
VIII
No seguimento dos "posts" II e III desta sequência
de publicações (ver supra), acrescenta-se mais um para evidenciar as
influências que os Painéis exerceram na execução do Fresco do Bom e do Mau Juiz
do Tribunal de Monsaraz...
São demasiadas semelhanças, que não podem ser aceites como
meras coincidências.
Assim se vai contribuindo, documentalmente, para o mistério
que continua a existir à volta dos Painéis.
21 de julho de 2020
22 de novembro de 2019
O enfoque principal é dirigido aos documentos existentes (alguns dos quais acrescentámos a esta temática) que têm servido de suporte à interpretação "oficial" que é dada aos chamados "Painéis de S. Vicente" e ao Retábulo de S. Vicente.
A análise crítica que efectuámos permitiu provar que os testemunhos relativos ao Retábulo não podem ser utilizados para explicar o motivo da execução dos Painéis.
27 de outubro de 2019
- “Visitações”: de acordo com o teor de oito destes
testemunhos as obras mais intensas no Retábulo de S. Vicente, situado
junto ao altar deste santo colocado na capela-mor de Lisboa, tiveram
início em 1462 e prolongaram-se até 1473. Tinham como objectivo dignificar
o local onde se encontravam as relíquias deste santo. Os fundos
necessários para estes trabalhos foram recolhidos junto dos fiéis sob a
forma de esmolas, que em troco recebiam indulgências equivalentes a
quarenta dias de perdão. D. Afonso V foi um destes contribuintes. A gestão
das obras e dos fundos ficaram a cargo da Igreja.
- “Os pareceres
de Francisco Pereira Pestana”: ao explanar os seus pontos de vista,
dirigidos a D. João III, sobre a estratégia a seguir nas praças
norte-africanas (c. 1532), convida, a dado passo, o soberano a ir visitar
a Sé e admirar e “…ver aqules famosos Reis Armados, tão fermosos e
gentis-homens…” como forma de o incentivar a passar à acção militar.
- “O Documento
do Rio”: Este manuscrito anónimo elaborado por volta de 1600, vem confirmar a
presença dos Painéis de maior dimensão junto ao Retábulo do altar de S.
Vicente “…em baixo…estavam dois painéis em que estava pintado S. Vicente
em figura de moço de 17 anos em cada retábulo e painel…e a figura de S.
Vicente estava virada uma para outra de maneira que mostrava a si cada
parte do rosto…e outras muitas figuras de homens…e tinham nas cabeças uma
caraminholas muito altas de veludo…há muito que não vi isto, disseram-me
há poucos dias que não estavam já aí estes painéis, dirão os cónegos onde estão.”
- “A
descrição de D. Rodrigo da Cunha”: O texto deste arcebispo de Lisboa (1642) fornece-nos a descrição mais
detalhada que se conhece do Retábulo de S. Vicente “…neste espaço se
levanta o altar do santo, de que logo nasce o retábulo com a sua imagem de
vulto no meio, com a palma de mártir na mão direita, e a nau em que nos
foi trazido, na esquerda. Seguem-se pelos mais painéis de retábulo de
pintura singular, vários milagres do santo, com os passos principais de
sua vida, e martírio.”
- “O
apeamento do Retábulo”: Num códice recolhido por Frei Manuel do Cenáculo Vilas Boas, e
publicado em 1791, é afirmado que, em Novembro de 1690, todo o conjunto do
velho Retábulo do altar de S. Vicente foi retirado para ser substituído
por um outro.
- “Os
documentos de 1763-68”: Um conjunto de textos datados do período 1763-68, contêm uma série de
pormenores muito importantes relativos aos painéis do Retábulo retirados
da Sé em 1690 (ver ponto anterior). Referem que ficaram guardados numa
dispensa da Sé até que em 1742 o Cardeal Tomás de Almeida os mandou
recuperar e enviar para o palácio da Mitra (Marvila). Revelam que aqui se
encontravam mais de 12 painéis com imagens do mártir S. Vicente, pintados pelo
mesmo artista. Um destes mereceu particular destaque, não só por ser um
dos maiores, mas também por ser o único onde se viam religiosos e um cofre
que continha as relíquias do santo.
- “O
Inventário da Mitra de 1821”: No rol de bens incluídos neste inventário constatamos
que os painéis do Retábulo (ver ponto anterior) ainda estavam depositados
no palácio de Marvila. O inventário descreve 14 painéis com imagens de S.
Vicente e fornece-nos as respectivas medidas, que não compatíveis com as dos Painéis. Confirma a existência do
painel destacado no ponto anterior (religiosos e um cofre com as
relíquias), tanto pelo seu descritivo como pelas suas dimensões.
- “As
análises dendrocronológicas de 2001”: Os resultados publicados relativos às
análises efectuados às 22 pranchas que constituem as tábuas dos Painéis às
6 da tábua e meia dos Martírios, (os painéis que restam do Retábulo de S.
Vicente), permitem concluir que na montagem destas superfícies foram
utilizados lotes de madeiras diferentes, o que não aconteceria se fossem
preparadas para a mesma obra pictórica. Nos Painéis a datação dos anéis de
crescimento mais recentes encontram-se entre os anos 1383-1431, enquanto nos
Martírios esse intervalo foi de 1435-1454.
- “O
estudo laboratorial de 2013”: O relatório das análises microscópicas efectuadas aos materiais
constituintes das preparações base aplicadas sobre as 12 tábuas atribuídas
à “oficina” de Nuno Gonçalves (6 Painéis, 2 Martirios e 4 Santos) apresentam
resultados contundentes como se lê nesta citação: “verificou-se que
existem diferenças de composição na camada preparatória entre o Políptico
de S. Vicente – os Painéis – e as pinturas dos outros dois grupos que
sugerem que no primeiro terá sido usado um lote de “gesso” diferente”, o
que prova que os Painéis foram executados num tempo diferente dos outros
dois grupos.
- “Os
Painéis do MNAA”: