1 de fevereiro de 2023

UM IMPORTANTÍSSIMO MANUSCRITO PARA OS PAINÉIS

 UM IMPORTANTÍSSIMO MANUSCRITO PARA OS PAINÉIS

     Um pequeno excerto incluído no extenso manuscrito do Parecer de Francisco Pereira Pestana, prova que os Painéis entraram na capela-mor da Sé de Lisboa por volta de 1532 e que aí foram colocados, juntos aos túmulos régios (D. Afonso IV e D. Brites), situados no lado do Evangelho (à esquerda da capela-mor):

     “E porem senhor, entrando na capela-mor da Sé de Lisboa, olhe vossa alteza aquelas sepulturas dos Reis vossos Avós e nelas verá quanto melhor parecem os que não estão vestidos de arminhos, pois todos e tudo ali vai parar, não toco a redenção dos cativos assim de Portugal como de Castela a que muito se deve olhar…”

     O relator, Pereira Pestana, está a convidar o rei D. João III para ir admirar as imagens que surgiram na Sé de Lisboa, destacando e enaltecendo as dos Cavaleiros, isto é, os que não estavam de arminhos. Por outro lado, estes últimos, de branco, eram os Frades que, no entanto, também deviam ser elogiados pelas suas acções na redenção dos cativos.

     A identificação destes dois painéis permite confirmar que o teor do outro trecho mais conhecido deste autor, “…aqueles famosos reis armados, tão fermosos, e gentis homens…” onde se tinha sido deduzida a presença dos painéis do Infante e do Arcebispo, também dizia respeito aos Painéis e que todos estavam colocados (c.1532) do lado do Evangelho da capela-mor da Sé.

     Na banda oposta, isto é, à mão direita da capela-mor ou da Epístola, situavam-se o altar e o Retábulo de S. Vicente erguido e alvo de grandes obras no período 1462-1473…

     Conclusão: os Painéis só surgiram na Sé, meio século após a conclusão do Retábulo de S. Vicente, pelo que podemos afirmar que estas duas pinturas sempre foram independentes e que tiveram origens diferentes.

     in Os Painéis: Prova Final (2022)