UM IMPORTANTÍSSIMO MANUSCRITO PARA OS PAINÉIS
Um pequeno excerto incluído no extenso manuscrito do Parecer de
Francisco Pereira Pestana, prova que os Painéis entraram na capela-mor da Sé de
Lisboa por volta de 1532 e que aí foram colocados, juntos aos túmulos régios
(D. Afonso IV e D. Brites), situados no lado do Evangelho (à esquerda da
capela-mor):
“E porem senhor, entrando na capela-mor da Sé de Lisboa, olhe vossa
alteza aquelas sepulturas dos Reis vossos Avós e nelas verá quanto melhor
parecem os que não estão vestidos de arminhos, pois todos e tudo ali vai parar,
não toco a redenção dos cativos assim de Portugal como de Castela a que muito
se deve olhar…”
O relator, Pereira Pestana, está a convidar o rei D. João III para ir
admirar as imagens que surgiram na Sé de Lisboa, destacando e enaltecendo as
dos Cavaleiros, isto é, os que não estavam de arminhos. Por outro lado, estes
últimos, de branco, eram os Frades que, no entanto, também deviam ser elogiados
pelas suas acções na redenção dos cativos.
A identificação destes dois painéis permite confirmar que o teor do
outro trecho mais conhecido deste autor, “…aqueles famosos reis armados, tão
fermosos, e gentis homens…” onde se tinha sido deduzida a presença dos
painéis do Infante e do Arcebispo, também dizia respeito aos
Painéis e que todos estavam colocados (c.1532) do lado do Evangelho da
capela-mor da Sé.
Na banda oposta, isto é, à mão direita da capela-mor ou da Epístola,
situavam-se o altar e o Retábulo de S. Vicente erguido e alvo de grandes obras
no período 1462-1473…
Conclusão: os Painéis só surgiram na Sé, meio século após a conclusão do
Retábulo de S. Vicente, pelo que podemos afirmar que estas duas pinturas sempre
foram independentes e que tiveram origens diferentes.
in Os Painéis: Prova Final (2022)