15 de outubro de 2020

 ENQUANTO OS PAINÉIS SÃO RESTAURADOS

I

Repare-se nas semelhanças existentes nos olhos, nos narizes, nas bocas, nas orelhas e, nas rugas visíveis na testa, entre os olhos e à volta da boca. As barbas são escassas e esbranquiçadas, assim como os cabelos. Até têm um barrete de cor castanha!
Com a devida cortesia (Bernard Gallagher). (in Os Painéis - Últimas Páginas)



II

O rosto de um dos santos dos Painéis comparado com o de uma figura de um bem conhecido fresco do século XV:

A mesma posição inclinada da cabeça, o mesmo olhar e sobrancelhas, os mesmos lábios, a mesma madeixa de cabelo do lado direito dos rostos. Até a cobertura da cabeça é vermelha!

Uma dica cedida por um outro estudioso, à qual acrescentámos outras coincidências.
No nosso novo estudo "Os Painéis - Últimas Páginas". 
Com a devida cortesia (Bernard Gallagher).



III

No seguimento da publicação anterior prova-se que o pintor do "Fresco do Bom e do Mau Juiz" (c.1498) existente em Monsaraz, se inspirou nos Painéis.

Seleccionamos, entre outras, mais estas imagens comparativas.

Porque é que estas evidências nunca foram sinalizadas num fresco bem conhecido situado no Alentejo à beira do Guadiana? (in Os Painéis - Últimas Páginas)



IV

O Inventário de 1754 aos bens do palácio de Marvila

Cremos que este inventário é mais um inédito que introduzimos na temática dos Painéis. Os 14 painéis relativos a S. Vicente que constam neste rol de bens, iriam ser validados, 67 anos mais tarde, no inventário de 1821 divulgado por Nuno Saldanha e Pedro Flor em 2010.

Verifica-se que as suas dimensões sofreram reduções neste período de sete décadas. Nenhum deles é compatível com qualquer um dos seis Painéis, quer pelas suas medidas, quer pela cor das molduras...

Confirma-se que eram os quadros que constituíam o Retábulo de S. Vicente (sem os Painéis), e que foram transferidos da Sé de Lisboa para Marvila em 1742, por ordem do Cardeal Patriarca D. Tomás de Almeida. (in Os Painéis - Últimas Páginas)


V

“…em acto de veneração a S. Vicente, patrono e inspirador da expansão militar quatrocentista no Magrebe...”

Esta frase é sucessivamente repetida quando “oficialmente” se pretende explicar o significado dos Painéis. Contudo, não se encontra nas descrições destas conquistas, relatadas pelas Crónicas, qualquer referência a este santo.

Quando se conquistou Ceuta (1415) e Alcácer-Ceguer (1458) o grito de guerra que se ouviu foi “por Santiago, por S. Jorge” - Santiago também conhecido pelo “mata mouros”. Nas Tapeçarias de Pastrana, comemorativas das conquistas de Arzila e Tânger (1471), vêem-se inúmeras referências a S. Jorge, cujo símbolo, uma cruz vermelha sobre fundo branco, se encontra ilustrado nas mais diversas bandeiras e pendões…

Também nas Ordenações Afonsinas o único símbolo associado à guerra que é referido, é o de S. Jorge!!!

Muito estranha a ausência de S. Vicente o “patrono e inspirador da expansão militar quatrocentista no Magrebe...”!!! (in Os Painéis - Últimas Páginas)


VI

No 1º post desta série comparámos os rostos do "peregrino" do painel da Relíquia com o de S. José (c. 1438, Rogier van der Weyden, Museu Gulbenkian, Lisboa).

Este último integrava um quadro de maiores dimensões que, por motivos desconhecidos, foi dividido. É possível "reconstruir" a figura de S. José recorrendo a um outro retalho: pormenor de "A Leitura de Madalena" (National Gallery, Londres).

Para além da semelhança dos rostos, verificam-se espaços vazios junto a ambos: um caixão e um nicho. Haverá um significado simbólico associado estes detalhes?

De igual modo, na pintura de Rogier van der Weyden, nota-se uma pequena figura com um barrete/turbante vermelho, pormenor interessante, que é recorrente nos quadros de Jan van Eyck (detalhe extraído de "Madonna do Chanceler Rolin", c.1435, Museu do Louvre). Cremos que não terá sido por coincidência...

Com a devida cortesia (Bernard Gallagher).



VII

Dois frades bastantes semelhantes, sendo o segundo oriundo da uma região da Ibéria onde encontramos indícios que nos ligam ao ducado da Borgonha:

- Tosão de Ouro - a ordem que Filipe o Bom, fundou no dia do seu casamento com D. Isabel, filha de D. João I

- Sto. André - apóstolo que pregou nessa zona, padroeiro da Borgonha, do seu exército, e da Ordem do Tosão de Ouro

- Tábua - à falta de um sino, estes monges chamavam os fiéis para a missa batendo numa tábua com um formato semelhante àquela a que frade dos Painéis se encosta... (in Os Painéis - Últimas Páginas)



VIII

No seguimento dos "posts" II e III desta sequência de publicações (ver supra), acrescenta-se mais um para evidenciar as influências que os Painéis exerceram na execução do Fresco do Bom e do Mau Juiz do Tribunal de Monsaraz...

São demasiadas semelhanças, que não podem ser aceites como meras coincidências.

Assim se vai contribuindo, documentalmente, para o mistério que continua a existir à volta dos Painéis. (in Os Painéis - Últimas Páginas). Com a devida cortesia (Bernard Gallagher).